segunda-feira, 3 de julho de 2017

[RESENHA] Críton - Platão

"Críton (ou Do dever) é um diálogo entre Sócrates e seu amigo rico Críton em matéria de justiça, injustiça, e a resposta apropriada a injustiça. Sócrates acha que a injustiça não pode ser respondida com a injustiça e se recusa a oferta de Críton de financiar sua fuga da prisão. Este diálogo contém uma declaração antiga da teoria do contrato social do governo."






Esse livro, que já se encontra em Domínio Público, se trata de um diálogo de Sócrates com Críton (ou Critão), seu amigo.
Se passa quando Sócrates já havia sido condenado e estava preso, esperando o dia de sua sentença de morte. 

Pois bem... 
Sócrates, já com 70 anos, havia sido condenado por corromper os jovens a desacreditar dos Deuses, bem como induzi-los a buscar respostas para seus questionamentos. Ou seja, Sócrates ensinava os jovens da época de Atenas a pensar, e não a serem apenas marionetes nas mãos dos superiores.

Críton aparece na cadeia para informar Sócrates que o dia de sua morte estava chegando e, desesperado, lhe propõe uma fuga, totalmente paga por seus amigos ricos. 
A partir de então, começa uma discussão acerca da justiça e injustiça, da moral, etc. 

Alguns trechos importantes do diálogo deixarei ao final dessa resenha.

Há uma discussão sobre a opinião popular. Críton está preocupado sobre o que a população dirá sobre ele caso o mesmo deixe Sócrates morrer. Já Sócrates entende que a opinião popular pouco importa, o que importa mesmo é a opinião de quem entende do assunto... nesse caso os juízes. A metáfora utilizada é sobre os ginastas... quem os mesmos ouvirão sobre o assunto? A população que nada entende ou um médico? 

Além disso, discutem sobre a moral de se quebrar as leis para seu benefício próprio. 

Resumindo, Sócrates prefere morrer na cadeia como um homem correto, que segue a moral, a viver foragido em uma outra cidade. É de se pensar muito sobre o assunto!

Trechos importantes:

"Sócrates: Ainda que tenhamos de experimentar momentos quer ainda mais dolorosos, quer mais suaves, o procedimento injusto, em qualquer hipóteses, não é sempre, para quem o tem, um mal e uma vergonha? Afirmamos isso ou não?
Critão: Afirmamos.
Sócrates: Logo, jamais se deve proceder contra a justiça.
Critão: Jamais, por certo.
Sócrates: Nem mesmo retribuir a injustiça com a injustiça, como pensa a multidão, pois o procedimento injusto é sempre inadmissível.
Critão: Parece que não.
Sócrates: E daí? Devemos praticar maldades ou não, Critão?
Critão: Não devemos, sem dúvida, Sócrates.
Sócrates: Adiante. Retribuir o mal que nos fazem é justo, como diz a multidão, ou injusto?
Critão: Absolutamente injusto.
Sócrates: Sim, porque entre fazer mal a uma pessoa e cometer uma injustiça, não há diferença nenhuma.
Critão: Dizes a verdade.
Sócrates: Em suma, não devemos retribuir a injustiça, nem fazer mal a pessoa alguma, seja qual for o mal que ela nos cause."

O livro (que na verdade é um trecho de apenas 15 páginas), pode ser encontrado para download AQUI


[TEXTO] Aristóteles: Os Quatro Discursos - Olavo de Carvalho

Como muitos sabem, Olavo de Carvalho é, para mim, o melhor professor de política/filosofia da atualidade. Seus Seminários de Filosofia são excelentes e, com ele, finalmente abri os olhos para a realidade mundial.

Além de seus livros, li esse texto sobre Aristóteles, em que Olavo explica o pensamento Aristotélico em sua Teoria dos Quatro Discursos.

A fonte desse texto é o blog A Ordem Natural, de Alexandre Costa, que, aliás, indico profundamente.

Para melhor compreensão do texto, deixo aqui alguns significados das palavras contidas.

Dialética: raciocínio lógico que, embora coerente em seu encadeamento interno, está fundamentado em ideias apenas prováveis, e por esta razão traz em seu âmago a possibilidade de ser refutado.

Retórica: a arte da eloquência, a arte de bem argumentar; arte da palavra. Conjunto de regras que constituem a arte do bem dizer, a arte da eloquência; oratória

Poética: parte dos estudos literários que se propõe a investigar os processos que dizem respeito às normas versificatórias dos textos, os componentes teóricos de que se revestem, bem como os compêndios de poética que, desde Aristóteles até os nossos dias, abordaram o assunto.

Sofistas: Os sofistas se compunham de grupos de mestres que viajavam de cidade em cidade realizando aparições públicas (discursos, etc) para atrair estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer-lhes educação. O foco central de seus ensinamentos concentrava-se no logos ou discurso, com foco em estratégias de argumentação.



Vamos ao texto:

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Há nas obras de Aristóteles uma idéia medular, que escapou à percepção de quase todos os seus leitores e comentaristas, da Antigüidade até hoje. Mesmo aqueles que a perceberam — e foram apenas dois, que eu saiba, ao longo dos milênios — limitaram-se a anotá-la de passagem, sem lhe atribuir explicitamente uma importância decisiva para a compreensão da filosofia de Aristóteles. No entanto, ela é a chave mesma dessa compreensão, se por compreensão se entende o ato de captar a unidade do pensamento de um homem desde suas próprias intenções e valores, em vez de julgá-lo de fora; ato que implica respeitar cuidadosamente o inexpresso e o subentendido, em vez de sufocá-lo na idolatria do "texto" coisificado, túmulo do pensamento.

A essa idéia denomino Teoria dos Quatro Discursos. Pode ser resumida em uma frase: o discurso humano é uma potência única, que se atualiza de quatro maneiras diversas: a poética, a retórica, a dialética e a analítica (lógica).

Dita assim, a idéia não parece muito notável. Mas, se nos ocorre que os nomes dessas quatro modalidades de discurso são também nomes de quatro ciências, vemos que segundo essa perspectiva a Poética, a Retórica, a Dialética e a Lógica, estudando modalidades de uma potência única, constituem também variantes de uma ciência única. A diversificação mesma em quatro ciências subordinadas tem de assentar-se na razão da unidade do objeto que enfocam, sob pena de falharem à regra aristotélica das divisões. E isto significa que os princípios de cada uma delas pressupõem a existência de princípios comuns que as subordinem, isto é, que se apliquem por igual a campos tão diferentes entre si como a demonstração científica e a construção do enredo trágico nas peças teatrais. Então a idéia que acabo de atribuir a Aristóteles já começa a nos parecer estranha, surpreendente, extravagante. E as duas perguntas que ela nos sugere de imediato são: Terá Aristóteles realmente pensado assim? E, se pensou, pensou com razão? A questão biparte-se portanto numa investigação histórico-filológica e numa crítica filosófica. Não poderei, nas dimensões da presente comunicação, realizar a contento nem uma, nem a outra. Em compensação, posso indagar as razões da estranheza.

O espanto que a idéia dos Quatro Discursos provoca a um primeiro contato advém de um costume arraigado da nossa cultura, de encarar a linguagem poética e a linguagem lógica ou científica como universos separados e distantes, regidos por conjuntos de leis incomensuráveis entre si. Desde que um decreto de Luís XIV separou em edifícios diversos as "Letras" e as "Ciências", o fosso entre a imaginação poética e a razão matemática não cessou de alargar-se, até se consagrar como uma espécie de lei constitutiva do espírito humano. Evoluindo como paralelas que ora se atraem ora se repelem mas jamais se tocam, as duas culturas, como as chamou C. P. Snow, consolidaram-se em universos estanques, cada qual incompreensível ao outro. Gaston Bachelard, poeta doublé de matemático, imaginou poder descrever esses dois conjuntos de leis como conteúdos de esferas radicalmente separadas, cada qual igualmente válido dentro de seus limites e em seus próprios termos, entre os quais o homem transita como do sono para a vigília, desligando-se de um para entrar na outra, e vice-versa: a linguagem dos sonhos não contesta a das equações, nem esta penetra no mundo daquela. Tão funda foi a separação, que alguns desejaram encontrar para ela um fundamento anatômico na teoria dos dois hemisférios cerebrais, um criativo e poético, outro racional e ordenador, e acreditaram ver uma correspondência entre essas divisões e a dupla yin-yang da cosmologia chinesa. Mais ainda, julgaram descobrir no predomínio exclusivo de um desses hemisférios a causa dos males do homem Ocidental. Uma visão um tanto mistificada do ideografismo chinês, divulgada nos meios pedantes por Ezra Pound (, deu a essa teoria um respaldo literário mais do que suficiente para compensar sua carência de fundamentos científicos. A ideologia da "Nova Era" consagrou-a enfim como um dos pilares da sabedoria.

Nesse quadro, o velho Aristóteles posava, junto com o nefando Descartes, como o protótipo mesmo do bedel racionalista que, de régua em punho, mantinha sob severa repressão o nosso chinês interior. O ouvinte imbuído de tais crenças não pode mesmo receber senão com indignado espanto a idéia que atribuo a Aristóteles. Ela apresenta como um apóstolo da unidade aquele a quem todos costumavam encarar como um guardião da esquizofrenia. Ela contesta uma imagem estereotipada que o tempo e a cultura de almanaque consagraram como uma verdade adquirida. Ela remexe velhas feridas, cicatrizadas por uma longa sedimentação de preconceitos.

A resistência é, pois, um fato consumado. Resta enfrentá-la, provando, primeiro, que a idéia é efetivamente de Aristóteles; segundo, que é uma excelente idéia, digna de ser retomada, com humildade, por uma civilização que se apressou em aposentar os ensinamentos do seu velho mestre antes de os haver examinado bem. Não poderei aqui senão indicar por alto as direções onde devem ser buscadas essas duas demonstrações.

Aristóteles escreveu uma Poética, uma Retórica, um livro de Dialética (os Tópicos) e dois tratados de Lógica (Analíticas I e II), além de duas obras introdutórias sobre a linguagem e o pensamento em geral (Categorias e Da Interpretação). Todas essas obras andaram praticamente desaparecidas, como as demais de Aristóteles, até o século I a. C., quando um certo Andrônico de Rodes promoveu uma edição de conjunto, na qual se baseiam até hoje nossos conhecimentos de Aristóteles.

Como todo editor póstumo, Andrônico teve de colocar alguma ordem nos manuscritos. Decidiu tomar como fundamento dessa ordem o critério da divisão das ciências em introdutórias (ou lógicas), teoréticaspráticas e técnicas (ou poiêticas, como dizem alguns). Esta divisão tinha o mérito de ser do próprio Aristóteles. Mas, como observou com argúcia Octave Hamelin, não há nenhum motivo para supor que a divisão das obras de um filósofo em volumes deva corresponder taco-a-taco à sua concepção das divisões do saber. Andrônico deu essa correspondência por pressuposta, e agrupou os manuscritos, portanto, nas quatro divisões. Mas, faltando outras obras que pudessem entrar sob o rótulo técnicas, teve de meter lá a Retórica e a Poética, desligando-as das demais obras sobre a teoria do discurso, que foram compor a unidade aparentemente fechada do Organon, conjunto das obras lógicas ou introdutórias.

Somada a outras circunstâncias, essa casualidade editorial foi pródiga em conseqüências, que se multiplicam até hoje. Em primeiro lugar, a Retórica — nome de uma ciência abominada pelos filósofos, que nela viam o emblema mesmo de seus principais adversários, os sofistas — não suscitou, desde sua primeira edição por Andrônico, o menor interesse filosófico. Foi lida apenas nas escolas de retórica, as quais, para piorar as coisas, entravam então numa decadência acelerada pelo fato de que a extinção da democracia, suprimindo a necessidade de oradores, tirava a razão de ser da arte retórica, encerrando-a na redoma de um formalismo narcisista. Logo em seguida, a Poética, por sua vez, sumiu de circulação, para só reaparecer no século XVI.

Estes dois acontecimentos parecem fortuitos e desimportantes. Mas, somados, dão como resultado nada menos que o seguinte: todo o aristotelismo ocidental, que, de início lentamente, mas crescendo em velocidade a partir do século XI, foi se formando no período que vai desde a véspera da Era Cristã até o Renascimento, ignorou por completo a Retórica e a Poética. Como nossa imagem de Aristóteles ainda é uma herança desse período (já que a redescoberta da Poética no Renascimento não despertou interesse senão dos poetas e filólogos, sem tocar o público filosófico), até hoje o que chamamos de Aristóteles, para louvá-lo ou para maldizê-lo, não é o homem de carne e osso, mas um esquema simplificado, montado durante os séculos que ignoravam duas das obras dele. Em especial, nossa visão da teoria aristotélica do pensamento discursivo é baseada exclusivamente na analítica e na tópica, isto é, na lógica e na dialética, amputadas da base que Aristóteles tinha construído para elas na poética e na retórica.

Mas a mutilação não parou aí. Do edifício da teoria do discurso, haviam sobrado só os dois andares superiores — a dialética e a lógica —, boiando sem alicerces no ar como o quarto do poeta na "Última canção do beco" de Manuel Bandeira. Não demorou a que o terceiro andar fosse também suprimido: a dialética, considerada ciência menor, já que lidava somente com a demonstração provável, foi preterida em benefício da lógica analítica, consagrada desde a Idade Média como a chave mesma do pensamento de Aristóteles. A imagem de um Aristóteles constituído de "lógica formal + sensualismo cognitivo + teologia do Primeiro Motor Imóvel" consolidou-se como verdade histórica jamais contestada.

Mesmo o prodigioso avanço dos estudos biográficos e filológicos inaugurado por Werner Jaeger não mudou isso. Jaeger apenas derrubou o estereótipo de um Aristóteles fixo e nascido pronto, para substituir-lhe a imagem vivente de um pensador que evolui no tempo em direção à maturidade das suas idéias. Mas o produto final da evolução não era, sob o aspecto aqui abordado, muito diferente do sistema consagrado pela Idade Média: sobretudo a dialética seria nele um resíduo platônico, absorvido e superado na lógica analítica.
Mas essa visão é contestada por alguns fatos. O primeiro, ressaltado por Éric Weil, é que o inventor da lógica analítica jamais se utiliza dela em seus tratados, preferindo sempre argumentar dialeticamente. Em segundo lugar, o próprio Aristóteles insiste em que a lógica não traz conhecimento, mas serve apenas para facilitar a verificação dos conhecimentos já adquiridos, confrontando-os com os princípios que os fundamentam, para ver se não os contradizem. Quando não possuímos os princípios, a única maneira de buscá-los é a investigação dialética que, pelo confronto das hipóteses contraditórias, leva a uma espécie de iluminação intuitiva que põe em evidência esses princípios. A dialética em Aristóteles é, portanto, segundo Weil, uma logica inventionis, ou lógica da descoberta: o verdadeiro método científico, do qual a lógica formal é apenas um complemento e um meio de verificação.

Mas a oportuna intervenção de Weil, se desfez a lenda de uma total hegemonia da lógica analítica no sistema de Aristóteles, deixou de lado a questão da retórica. O mundo acadêmico do século XX ainda subscreve a opinião de Sir David Ross, que por sua vez segue Andrônico: a Retórica tem "um propósito puramente prático"; "não constitui um trabalho teórico" e sim "um manual para o orador". Mas à Poética, por seu lado, Ross atribui um valor teórico efetivo, sem reparar que, se Andrônico errou neste caso, pode também ter se enganado quanto à Retórica. Afinal, desde o momento em que foi redescoberta, a Poética também foi encarada sobretudo como "um manual prático" e interessou antes aos literatos do que aos filósofos. De outro lado, o próprio livro dos Tópicos poderia ser visto como "manual técnico" ou pelo menos "prático" — pois na Academia a dialética funcionava exatamente como tal: era o conjunto das normas práticas do debate acadêmico. Enfim, a classificação de Andrônico, uma vez seguida ao pé da letra, resulta em infindáveis confusões, as quais se podem resolver todas de uma vez mediante a admissão da seguinte hipótese, por mais perturbadora que seja: como ciências do discurso, a Poética e a Retórica fazem parte do Organon, conjunto das obras lógicas ou introdutórias, e não são portanto nem teoréticas nem práticas nem técnicas. Este é o núcleo da interpretação que defendo. Ela implica, porém, uma profunda revisão das idéias tradicionais e correntes sobre a ciência aristotélica do discurso. Esta revisão, por sua vez, arrisca ter conseqüências de grande porte para a nossa visão da linguagem e da cultura em geral. Reclassificar as obras de um grande filósofo pode parecer um inocente empreendimento de eruditos, mas é como mudar de lugar os pilares de um edifício. Pode exigir a demolição de muitas construções em torno.

As razões que alego para justificar essa mudança são as seguintes:
l. As quatro ciências do discurso tratam de quatro maneiras pelas quais o homem pode, pela palavra, influenciar a mente de outro homem (ou a sua própria). As quatro modalidades de discurso caracterizam-se por seus respectivos níveis de credibilidade:
(a) O discurso poético versa sobre o possível (dunatoV, dínatos), dirigindo-se sobretudo à imaginação, que capta aquilo que ela mesma presume (eikastikoV, eikástikos, "presumível"; eikasia, eikasia, "imagem", "representação").
(b) O discurso retórico tem por objeto o verossímil (piqanoV, pithános) e por meta a produção de uma crença firme (pistiV, pístis) que supõe, para além da mera presunção imaginativa, a anuência da vontade; e o homem influencia a vontade de um outro homem por meio da persuasão (peiqo, peitho), que é uma ação psicológica fundada nas crenças comuns. Se a poesia tinha como resultado uma impressão, o discurso retórico deve produzir uma decisão, mostrando que ela é a mais adequada ou conveniente dentro de um determinado quadro de crenças admitidas.
(c) O discurso dialético já não se limita a sugerir ou impor uma crença, mas submete as crenças à prova, mediante ensaios e tentativas de traspassá-las por objeções. É o pensamento que vai e vem, por vias transversas, buscando a verdade entre os erros e o erro entre as verdades (dia, diá = "através de" e indica também duplicidade, divisão). Por isto a dialética é também chamada peirástica, da raiz peirá (peira ="prova", "experiência", de onde vêm peirasmoV, peirasmos, "tentação", e as nossas palavras empiriaempirismoexperiência etc., mas também, através de peirateV, peirates, "pirata": o símbolo mesmo da vida aventureira, da viagem sem rumo predeterminado). O discurso dialético mede enfim, por ensaios e erros, a probabilidade maior ou menor de uma crença ou tese, não segundo sua mera concordância com as crenças comuns, mas segundo as exigências superiores da racionalidade e da informação acurada.
(d) O discurso lógico ou analítico, finalmente, partindo sempre de premissas admitidas como indiscutivelmente certas, chega, pelo encadeamento silogístico, à demonstração certa (apodeixiV, apodêixis, "prova indestrutível") da veracidade das conclusões.

É visível que há aí uma escala de credibilidade crescente: do possível subimos ao verossímil, deste para o provável e finalmente para o certo ou verdadeiro. As palavras mesmas usadas por Aristóteles para caracterizar os objetivos de cada discurso evidenciam essa gradação: há, portanto, entre os quatro discursos, menos uma diferença de natureza que de grau.

Possibilidadeverossimilhançaprobabilidade razoável e certeza apodíctica são, pois, os conceitos-chave sobre os quais se erguem as quatro ciências respectivas: 
- a Poética estuda os meios pelos quais o discurso poético abre à imaginação o reino do possível; 
- a Retórica, os meios pelos quais o discurso retórico induz a vontade do ouvinte a admitir uma crença; 
- a Dialética, aqueles pelos quais o discurso dialético averigua a razoabilidade das crenças admitidas, e, finalmente, 
- a Lógica ou Analítica estuda os meios da demonstração apodíctica, ou certeza científica.

Ora, aí os quatro conceitos básicos são relativos uns aos outros: não se concebe o verossímil fora do possível, nem este sem confronto com o razoável, e assim por diante. A conseqüência disto é tão óbvia que chega a ser espantoso que quase ninguém a tenha percebido: as quatro ciências são inseparáveis; tomadas isoladamente, não fazem nenhum sentido. O que as define e diferencia não são quatro conjuntos isoláveis de caracteres formais, porém quatro possíveis atitudes humanas ante o discurso, quatro motivos humanos para falar e ouvir: o homem discursa para abrir a imaginação à imensidade do possível, para tomar alguma resolução prática, para examinar criticamente a base das crenças que fundamentam suas resoluções, ou para explorar as conseqüências e prolongamentos de juízos já admitidos como absolutamente verdadeiros, construindo com eles o edifício do saber científicoUm discurso é lógico ou dialético, poético ou retórico, não em si mesmo e por sua mera estrutura interna, mas pelo objetivo a que tende em seu conjunto, pelo propósito humano que visa a realizar. Daí que os quatro sejam distinguíveis, mas não isoláveis: cada um deles só é o que é quando considerado no contexto da cultura, como expressão de intuitos humanos. A idéia moderna de delimitar uma linguagem "poética em si" ou "lógica em si" pareceria aos olhos de Aristóteles uma substancialização absurda, pior ainda: uma coisificação alienante. Ele ainda não estava contaminado pela esquizofrenia que hoje se tornou o estado normal da cultura.

Mas Aristóteles vai mais longe: ele assinala a diferente disposição psicológica correspondente ao ouvinte de cada um dos quatro discursos, e as quatro disposições formam também, da maneira mais patente, uma gradação:
(a) Ao ouvinte do discurso poético cabe afrouxar sua exigência de verossimilhança, admitindo que "não é verossímil que tudo sempre aconteça de maneira verossímil", para captar a verdade universal que pode estar sugerida mesmo por uma narrativa aparentemente inverossímil. Aristóteles, em suma, antecipa a suspension of disbelief de que falaria mais tarde Samuel Taylor Coleridge. Admitindo um critério de verossimilhança mais flexível, o leitor (ou espectador) admite que as desventuras do herói trágico poderiam ter acontecido a ele mesmo ou a qualquer outro homem, ou seja, são possibilidades humanas permanentes.
(b) Na retórica antiga, o ouvinte é chamado juiz, porque dele se espera uma decisão, um voto, uma sentença. Aristóteles, e na esteira dele toda a tradição retórica, admite três tipos de discursos retóricos: o discurso forense, o discurso deliberativo e o discurso epidíctico, ou de louvor e censura (a um personagem, a uma obra, etc.). Nos três casos, o ouvinte é chamado a decidir: sobre a culpa ou inocência de um réu, sobre a utilidade ou nocividade de uma lei, de um projeto, etc., sobre os méritos ou deméritos de alguém ou de algo. Ele é, portanto, consultado como autoridade: tem o poder de decidir. Se no ouvinte do discurso poético era importante que a imaginação tomasse as rédeas da mente, para levá-la ao mundo do possível num vôo do qual não se esperava que decorresse nenhuma conseqüência prática imediata, aqui é a vontade que ouve e julga o discurso, para, decidindo, criar uma situação no reino dos fatos.
(c) Já o ouvinte do discurso dialético é, interiormente ao menos, um participante do processo dialético. Este não visa a uma decisão imediata, mas a uma aproximação da verdade, aproximação que pode ser lenta, progressiva, difícil, tortuosa, e nem sempre chega a resultados satisfatórios. Neste ouvinte, o impulso de decidir deve ser adiado indefinidamente, reprimido mesmo: o dialético não deseja persuadir, como o retórico, mas chegar a uma conclusão que idealmente deva ser admitida como razoável por ambas as partes contendoras. Para tanto, ele tem de refrear o desejo de vencer, dispondo-se humildemente a mudar de opinião se os argumentos do adversário forem mais razoáveis. O dialético não defende um partido, mas investiga uma hipótese. Ora, esta investigação só é possível quando ambos os participantes do diálogo conhecem e admitem os princípios básicos com fundamento nos quais a questão será julgada, e quando ambos concordam em ater-se honestamente às regras da demonstração dialética. A atitude, aqui, é de isenção e, se preciso, de resignação autocrítica. Aristóteles adverte expressamente os discípulos de que não se aventurem a terçar argumentos dialéticos com quem desconheça os princípios da ciência: seria expor-se a objeções de mera retórica, prostituindo a filosofia.
(d) Finalmente, no plano da lógica analítica, não há mais discussão: há apenas a demonstração linear de uma conclusão que, partindo de premissas admitidas como absolutamente verídicas e procedendo rigorosamente pela dedução silogística, não tem como deixar de ser certa. O discurso analítico é o monólogo do mestre: ao discípulo cabe apenas receber e admitir a verdade. Caso falhe a demonstração, o assunto volta à discussão dialética.

De discurso em discurso, há um afunilamento progressivo, um estreitamento do admissível: da ilimitada abertura do mundo das possibilidades passamos à esfera mais restrita das crenças realmente aceitas na praxis coletiva; porém, da massa das crenças subscritas pelo senso comum, só umas poucas sobrevivem aos rigores da triagem  dialética; e, destas, menos ainda são as que podem ser admitidas pela ciência como absolutamente certas e funcionar, no fim, como premissas de raciocínios cientificamente válidos. A esfera própria de cada uma das quatro ciências é portanto delimitada pela contigüidade da antecedente e da subseqüente. Dispostas em círculos concêntricos, elas formam o mapeamento completo das comunicações entre os homens civilizados, a esfera do saber racional possível.

Finalmente, ambas as escalas são exigidas pela teoria aristotélica do conhecimento. Para Aristóteles, o conhecimento começa pelos dados dos sentidos. Estes são transferidos à memória, imaginação ou fantasia, que os agrupa em imagens (eikoi, eikoi, em latim species, speciei), segundo suas semelhanças. É sobre estas imagens retidas e organizadas na fantasia, e não diretamente sobre os dados dos sentidos, que a inteligência exerce a triagem e reorganização com base nas quais criará os esquemas eidéticos, ou conceitos abstratos das espécies, com os quais poderá enfim construir os juízos e raciocínios. Dos sentidos ao raciocínio abstrato, há uma dupla ponte a ser atravessada: a fantasia e a chamada simples apreensão, que capta as noções isoladas. Não existe salto: sem a intermediação da fantasia e da simples apreensão, não se chega ao estrato superior da racionalidade científica. Há uma perfeita homologia estrutural entre esta descrição aristotélica do processo cognitivo e a Teoria dos Quatro Discursos. Não poderia mesmo ser de outro modo: se o indivíduo humano não chega ao conhecimento racional sem passar pela fantasia e pela simples apreensão, como poderia a coletividade — seja a polis ou o círculo menor dos estudiosos — chegar à certeza científica sem o concurso preliminar e sucessivo da imaginação poética, da vontade organizadora que se expressa na retórica e da triagem dialética empreendida pela discussão filosófica?
Retórica e Poética uma vez retiradas do exílio "técnico" ou "poiêtico" em que as pusera Andrônico e restauradas na sua condição de ciências filosóficas, a unidade das ciências do discurso leva-nos ainda a uma verificação surpreendente: há embutida nela toda uma filosofia aristotélica da cultura como expressão integral do logos. Nessa filosofia, a razão científica surge como o fruto supremo de uma árvore que tem como raiz a imaginação poética, plantada no solo da natureza sensível. E como a natureza sensível não é para Aristóteles apenas uma "exterioridade" irracional e hostil, mas a expressão materializada do Logos divino, a cultura, elevando-se do solo mitopoético até os cumes do conhecimento científico, surge aí como a tradução humanizada dessa Razão divina, espelhada em miniatura na autoconsciência do filósofo. Aristóteles compara, com efeito, a reflexão filosófica à atividade autocognoscitiva de um Deus que consiste, fundamentalmente, em autoconsciência. O cume da reflexão filosófica, que coroa o edifício da cultura, é, com efeito, gnosis gnoseos, o conhecimento do conhecimento. Ora, este se perfaz tão somente no instante em que a reflexão abarca recapitulativamente a sua trajetória completa, isto é, no momento em que, tendo alcançado a esfera da razão científica, ela compreende a unidade dos quatro discursos através dos quais se elevou progressivamente até esse ponto. Aí ela está preparada para passar da ciência ou filosofia à sabedoria, para ingressar na Metafísica, que Aristóteles, como bem frisou Pierre Aubenque, prepara mas não realiza por completo, já que o reino dela não é deste mundo. A Teoria dos Quatro Discursos é, nesse sentido, o começo e o término da filosofia de Aristóteles. Para além dela, não há mais saber propriamente dito: há somente a "ciência que se busca", a aspiração do conhecimento supremo, da sophia cuja posse assinalaria ao mesmo tempo a realização e o fim da filosofia.
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Espero que este texto tenha aberto suas ideias! Espero também que pesquise mais sobre o assunto, para que possa ver o mundo de maneira diferente.

quinta-feira, 29 de junho de 2017

[SERIADOS] Black Mirror - Considerações Sobre Alguns Episódios

01x03 - Toda a Sua História: 

Nesse episódio eu me choquei bastante, pois eles trataram de uma tecnologia que eu sempre pensei que seria ótimo se existisse. Todas as pessoas possuem um dispositivo (grão) atrás das orelhas, que grava tudo o que você vê, ouve, todas as suas memórias. E, ainda, essas memórias podem ser transmitidas em uma TV, para várias pessoas verem. As vezes me pegava pensando "nossa, como seria bom se eu pudesse me lembrar exatamente a conversa que tive com fulano" ou, até mesmo, lembrar toda a matéria lida! Seria sensacional, né? #Sóquenão É o que consegui retirar desse episódio. Após assisti-lo, passei a pensar "então é por isso que nossa memória não é tão perfeita". Quando Liam começa a desconfiar de sua esposa, passa a utilizar de suas memórias e visões para entrar afundo nessa questão. Não vou me alongar demais para não dar spoilers, mas o que quero dizer é... não podemos nos lembrar de tudo perfeitamente e nem mostrar nossos pensamentos para outras pessoas porque isso faria da nossa vida um inferno! Imagine ficar analisando a fala de determinada pessoa, o modo como seu rosto se contorceu, ou como ela riu falsamente para ser "legal" com você. E ainda, imagina ser obrigado a colocar todas as suas memórias para que alguém as veja em uma TV. Tipo: "Ah, você não estava no salão este dia? Então me mostre sua memória do salão". É... toda a sua privacidade jogada no lixo. 
Obs.: esse episódio foi escolhido por Robert Downey Jr. (o Homem de Ferro) para ser transformado em um filme pela Warner. Top, né?


02x01 - Volto Já: 

Bah, outro episódio que me chocou! Mas demais! Ash, marido de Martha, morre em um acidente. Então, Martha fica sabendo de uma tecnologia online que a permite fazer contato com o mesmo. Não o real Ash, mas um software que, através de vídeos, e-mails e postagens de redes sociais, finge ser Ash. Martha fica tão obcecada com tal tecnologia que já não consegue viver sem o marido (falso) e compra o novo produto da empresa, um boneco, feito em carne sintética onde o programa é carregado. 
Cara, é horripilante! Um boneco agindo como um conhecido seu, morto. É praticamente um clone. Assustador mas muito, muito bom!
A questão principal do episódio, na minha opinião, é: vale a pena? Não é melhor que aceitemos o ciclo da vida, fiquemos em luto e aprendamos a conviver com a falta da pessoa?


03x01 - Queda Livre (ou Perdedor): 

Acho que esse é um dos episódios mais comentados da série. Lacie vive em um mundo onde tudo depende de quantas estrelas você possui. É como se fossem as curtidas do facebook. Funciona da seguinte maneira: todos andam com dispositivos (tipo um smartphone), avaliando as outras pessoas. Você foi legal comigo? Toma 5 estrelas! Me fechou no trânsito? 1 estrela. 
Só que essas avaliações são tão importantes nesse mundo que você só pode comprar uma casa em um condomínio bacana se tiver 4.5 estrelas, por exemplo. Você só tem emprego em tal lugar se tiver N estrelas. 
O que isso acarreta? Falsidade. 
Lace perde a cabeça porque seu vôo foi cancelado e, adivinha? Cai de 4.3 para 4.2 estrelas. E, por conta disso, não pode utilizar a única vaga restante em outro vôo. É de enlouquecer! A história se desenrola de uma maneira surpreendente e foi o episódio que mais me angustiou.
E o que isso tem a ver com a vida real? TUDO!
As pessoas já nem aproveitam mais a vida para ficar tirando fotos da comida, do lugar, do trabalho, etc. Isso pra que? Pra ganhar curtidas. Para que todos saibam onde ela está, o que está fazendo... 
Até que ponto essa tecnologia pode nos ajudar?


Espero que tenham gostado e se interessado pela série. Seus episódios são realmente espetaculares e valem muito à pena!!! Tomara que venha nova temporada por aí #ansiosa!


[RESENHA RÁPIDA] Nada - Janne Teller

"“Nada importa.” “Você começa a morrer no instante em que nasce.” Pierre Anthon está no sétimo ano e tem a certeza de que nada na vida tem importância. Por isso, ele decide abandonar a sala de aula e passar os dias nos galhos de uma ameixeira, tentando convencer seus companheiros de classe a pensar do mesmo modo. Agora, diante da recusa do menino de descer da árvore, seus colegas farão uma pilha de objetos que significam muito para cada um deles, e com isso esperam persuadi-lo de que está errado. A pilha começa com uma coleção de livros, uma vara de pescar, um hamster de estimação... Contudo, com o passar do tempo, os participantes se desafiam a abrir mão de coisas ainda mais especiais. A pilha de significados logo se transforma em algo macabro e doentio, que coloca em xeque a fé e a inocência da juventude. Após grande aclamação da crítica e inúmeros prêmios, Nada é considerado um clássico moderno, tendo vendido cerca de 240 mil exemplares na Alemanha e com direitos de tradução para 22 países. Printz Honor de 2011."



ISBN-13: 9788501096685
ISBN-10: 8501096687
Ano: 2013 / Páginas: 128
Idioma: português 
Editora: Record



Livro para ser lido em uma sentada. Uma centena de páginas. É um livro polêmico na internet e nas redes sociais. Uns amam, outros odeiam.

Primeiramente preciso dizer: esqueçam essa capa. Deletem! Não tem nada a ver com o livro. Não há romance. Não há final feliz. 

O livro trata de crianças tentando provar para uma outra criança que a vida tem significado. Só que, para isso, elas recorrem a coisas loucas, macabras, inimagináveis. 

Pierre se acha o filósofo de sua geração, quando descobre que a vida não faz sentido. Se vamos mesmo morrer, porque estudar, trabalhar, se sacrificar, fazer o que não queremos, já que o final sempre será o mesmo? 

Então, Pierre decide que não vai mais à escola, e passa seus dias sentado em uma amoreira, aproveitando sua vida dessa maneira.

Porém, os colegas de sala de Pierre não estão felizes com essa situação, e não querem pensar dessa maneira. Sendo assim, decidem que vão fazer uma junção das coisas que mais tem importância em suas vidas e dá-las à Pierre, para que ele veja que a vida tem importância, que há coisas maravilhosas que gostamos e que temos que aproveitá-las.

Até ai, ok!

A ideia é a seguinte: uma das crianças começa, e escolhe a próxima e o que a próxima criança tem que dar na pilha. Pois é! Não se trata de escolha própria.

Essa pilha começa com um par de sapatos preferido de uma das meninas, por exemplo... Mas as coisas não continuam a ser tão simples assim RS Esse amontoado de coisas vai ficando louco e macabro e o final? Ah, o final você tem que ler pra saber.

É louco sim! Mas achei que valeu a pena. No fim... a vida tem significado?

Skoob.
✩✩✩ - Bom.

[RESENHA] Ninfeias Negras - Michel Bussi

"Giverny é uma cidadezinha mundialmente conhecida, que atrai multidões de turistas todos os anos. Afinal, Claude Monet, um dos maiores nomes do Impressionismo, a imortalizou em seus quadros, com seus jardins, a ponte japonesa e as ninfeias no laguinho. É nesse cenário que um respeitado médico é encontrado morto, e os investigadores encarregados do crime se veem enredados numa trama em que nada é o que parece à primeira vista. Como numa tela impressionista, as pinceladas da narrativa se confundem para, enfim, darem forma a uma história envolvente de morte e mistério em que cada personagem é um enigma à parte - principalmente as protagonistas. Três mulheres intensas, ligadas pelo mistério. Uma menina prodígio de 11 anos que sonha ser uma grande pintora. A professora da única escola local, que deseja uma paixão verdadeira e vida nova, mas está presa num casamento sem amor. E, no centro de tudo, uma senhora idosa que observa o mundo do alto de sua janela."



ISBN-13: 9788580416329
ISBN-10: 8580416329
Ano: 2017 / Páginas: 352
Idioma: português 
Editora: Arqueiro

Ninfeias me foi indicado por um senhor que por vezes encontro na Biblioteca Municipal de minha cidade. Ele gosta de suspenses, assim como eu. Disse que o livro era excelente.
Então parti para a leitura e confesso que fiquei ansiosa desde o início, pois as primeiras páginas logo nos traz uma promessa de mistério.



Logo após esse trecho, ela informa que apenas uma delas poderia sobreviver. Chocante, né? 

Então a história começa a se desenrolar. 

Um homem é encontrado morto no lago do local, esfaqueado e com a cabeça submersa. Dois agentes, Serenac e Benavides são encarregados do caso e começam a pesquisar. Um bilhete é encontrado no bolso do cadáver: "Onze Anos. Feliz Aniversário. O crime de sonhar eu consinto que seja instaurado". 

Então, recebem na delegacia várias fotos do morto com suas "amantes". Com essas pistas em mãos, eles pensam que o assassinato pode partir de três motivos: um crime passional, algo relacionado com uma criança de 11 anos (um possível filho ilegítimo?), ou algo relacionado à arte, já que Morval (o cadáver) era louco por obras de arte e as colecionava.

A partir de então várias coisas acontecem, inclusive um envolvimento do agente com a mulher de um dos principais suspeitos, etc. 

A escrita é simples, os capítulos são curtos... o que nos dá a ânsia de ler "só mais um" rs.

Grande parte do livro é narrada em terceira pessoa, sendo que apenas alguns capítulos são narrados por uma senhora de 80 anos, que claramente tem alguma coisa a ver com esse assassinato. 

O livro realmente é muito bom, o final é bem surpreendente.

Como leio muitos suspenses, acabo já prevendo as coisas e qualquer final passa a ser simples demais pra mim (um saco!). Mas com Ninfeias foi diferente... Nunca li um final assim. Muito bom mesmo!

Outro ponto que gostei bastante é que acabamos aprendendo sobre arte, Giverny, Monet... bem interessante!

Porém, não dei 5 estrelas porque achei que o livro poderia ser mais ágil. Por vezes, me senti sendo enrolada pelo escritor. Mas ainda assim, o final valeu a pena!

Mais uma coisa boa do livro é que o mistério não é solucionado apenas na última página, como acontece na maioria dos romances policiais/thrillers, mas vai se desenrolando aos poucos, para que possamos entender realmente o que está acontecendo. 

Enfim, gostei bastante e recomendo a leitura!

✩✩✩✩ - Muito Bom

quarta-feira, 28 de junho de 2017

LIDOS EM 2017

Bah, já está na hora de fazer a listinha dos lidos em 2017 até o momento né?

Vou adicionando conforme as leituras forem sendo finalizadas.

Vamos lá

1 - Que Falta Você Me Faz - Harlan Coben
2 - Quando Os Adams Saíram De Férias - Mendal W. Johnson
3 - Um Caso Perdido - Colleen Hoover
4 - Garota Italiana - Lucinda Riley
5 - Um Amor Para Lady Johanna - Julie Garwood
6 - Morri Para Viver - Andressa Urach
7 - Ministério dos Anjos - Hernandes Dias Lopes
8 - Scarpetta - Patricia Cornwell
9 - Criança 44 - Tom Rob Smith
10 - A Fazenda - Tom Rob Smith
11 - 1222 - Anne Holt
12 - Os Cinco Porquinhos - Agatha Christie
13 - Ligeiramente Casados - Mary Balogh
14 - Uma História de Natal - Charles Dickens
15 - A Viúva - Fiona Barton
16 - O Adulto - Gillian Flynn (conto)
17 - As Gêmeas Do Gelo - S. K. Tremayne
18 - Reconstuindo Amelia - Kimberly McCreight
19 - Nada - Anne Teller
20 - A Verdade Sobre O Caso Harry Quebert - Joel Dicker
21 - A Desconhecida - Peter Swanson
22 - Spencerville - Nelson DeMille
23 - Colega de Quarto - Victor Bonini
24 - Enclausurado - Ian McEwan
25 - Poder Absoluto - David Baldacci
26 - Mentiram Para Mim Sobre O Desarmamento - Flavio Quintela/Bene Barbosa
27 - Ninfeias Negras - Michel Bussi
28 - Críton - Platão
29 - Pela Segunda Vez - Mary Higgins Clark
30 - Lolita - Vladimir Nabokov
31 - Fique Onde Está e Então Corra - John Boyne
32 - Dom Casmurro - Machado de Assis
33 - A Missa Do Galo - Machado de Assis (conto)
34 - A Metamorfose - Franz Kafka
35 - Cinco Minutos - José de Alencar

[RESENHA] Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento - Flavio Quintela e Bene Barbosa



"Depois do sucesso de Mentiram (e muito) para mim, Flavio Quintela faz uma parceria de peso com Bene Barbosa para compor esta excepcional obra, que deixa as mentiras sobre o desarmamento de civis nuas no meio da sala. Aos que já conhecem o assunto, o livro oferece ótimas referências e informações precisas aos que não têm opinião formada, ou àqueles cujo conhecimento é restrito à mídia e às campanhas do governo, o livro é um ponto de inflexão, um divisor de águas, com sua clareza e assertividade."




ISBN-13: 9788567394596 

ISBN-10: 8567394597

Ano: 2015 / Páginas: 176

Idioma: português 
Editora: Vide Editorial


Já inicio essa resenha dizendo... Cinco estrelas é pouco para esse livro.
Em um país como o nosso, dificilmente vemos obras como essa sendo divulgadas. Basta ver a quantidade de pessoas que leram ou "querem ler" tal livro, diferentemente de qualquer outro livro de política esquerdista. 
Eu fiquei sabendo sobre o livro assistindo o canal do Youtube que acompanho e fiquei feliz em encontrar opiniões políticas diferentes das que venho ouvindo sempre.
Sem dar apoio a qualquer dos lados, decidi ler e entender sobre o assunto.
Para quem acha que sempre fui contra o desarmamento... Não!  Eu sempre tive medo de armas, não gostava que falassem disso perto de mim, etc. 
Porém, decidi que precisava entender sobre o assunto antes de sair julgando, antes de ter qualquer preconceito. 
Pois bem.
Gostaria de informar que esse livro é extremamente fácil de ser lido, li em apenas 1 dia, em fila de banco rs Mas acho interessante, se você puder (e quiser, claro), ler com um marca texto, ou com post-its ao lado, para ir anotando coisas que você achar interessante. Porque não se trata de um livro de entretenimento apenas, mas de aprendizado. 
A linguagem é simples e de fácil compreensão e todos os fatos informados são fundamentados, ou seja, CHEGA DE ACHISMOS! Vamos entender melhor porque o governo quer que sejamos seres desarmados? 
Vale muito a pena, mesmo que você seja a favor do desarmamento. Acho sempre muito válido sabermos os dois lados da história para depois julgarmos e encontrarmos a nossa posição.


Se você é contra o desarmamento, ótimo (pra mim rs). Se você é a favor, tudo bem também... mas antes de ser contra ou à favor, vamos estudar sobre? Um diazinho na sua vida não vai te fazer perder tempo... 



Eu faço à você um pedido... leia apenas o primeiro capítulo. Se achar interessante, continue. Tenho quase certeza que nessa pegada lerá o livro todo. 


Boa leitura!!! 

Vou colocar pra vocês o Sumário do livro para que possam ver do que se trata:

"Capítulo I - Mentira: o governo quer desarmar as pessoas porque se preocupa com elas
Capítulo II - Mentira: as armas matam
Capítulo III - Mentira: países desarmados são mais seguros
Capítulo IV - Mentira: as armas dos criminosos vêm das mãos dos cidadãos de bem
Capítulo V - Mentira: as armas são produzidas apenas para matar
Capítulo VI - Mentira: armas causam muitos acidentes caseiros e matam crianças
Capítulo VII - Mentira: as armas precisam ser controladas para facilitar a solução de crimes
Capítulo VIII - Mentira: o desarmamento tem diminuído a criminalidade no Brasil
Capítulo IX - Mentira: qualquer cidadão de bem pode comprar e possuir armas no Brasil
Capítulo X - Resumindo as verdades
Apêndice 1 - PNDH: um plano ditatorial travestido de justiça
Apêndice 2 - Estatuto do Desarmamento versus Referendo de 2005"

Skoob.
✩✩✩✩✩ - Ótimo